O volume do setor de serviços cresceu 0,3% em abril, na comparação com o mês anterior, segundo divulgou nesta quinta-feira (13) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na primeira alta do ano.
Apesar de interromper uma sequência de 3 quedas seguidas, o resultado foi o pior para meses de abril desde 2016 (-1,5%), ficando bem abaixo do registrado em 2018 (0,8%) e 2017 (1%).
Já na comparação com abril do ano passado, houve queda de 0,7%, segunda taxa negativa seguida neste tipo de análise.
No acumulado nos 4 primeiros meses do ano, o setor acumula crescimento de 0,6%. "Já o acumulado nos últimos 12 meses, ao passar de 0,6% em março para 0,4% em abril de 2019, prosseguiu assinalando redução no ritmo de crescimento observada desde fevereiro deste ano (0,7%)", destacou o IBGE.
O IBGE revisou os dados do setor de serviços dos primeiros três meses deste ano, mostrando quedas mais intensas que as inicialmente divulgadas para os meses de janeiro (de -0,4% para -0,6%) e março (de -0,7% para -0,8%). Já fevereiro teve queda de 0,4%, menor que o primeiro resultado, que tinha sido de -0,6%.
Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa, enfatizou que na comparação anual (mês contra igual mês do ano anterior), abril registrou o segundo resultado negativo após 7 altas consecutivas. "É essa taxa que ajuda a compor os resultados acumulados [no ano e em 12 meses]. São estes que demonstram a perda de fôlego do setor", explicou.
O setor de serviços responde atualmente por cerca de 70% do PIB (Produto Interno Bruto) do país e foi o único entre os principais componentes da oferta que registrou crescimento no 1º trimestre (0,2%) , mantendo a trajetória de recuperação, ainda que em ritmo lento.
Em abril, 3 das cinco atividades cresceram frente a março, com destaque para serviços de informação e comunicação (0,7%), que correspondem a 33% de todo o volume do setor. Segundo o pesquisador do IBGE, o resultado de abril foi puxado pelas receitas dos canais abertos de TV e das empresas de tecnologia da informação.
Shows e espetáculos realizados em abril também contribuíram para o crescimento de 0,3% em abril. segundo o IBGE. Os serviços prestados às famílias, que incluem as atividades de hospedagem, alimentação e gestão de espaços para eventos, aumentaram 0,1%, mantendo a tendência positiva do mês anterior.
Por outro lado, houve queda nos transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-0,6%), influenciados principalmente pelo transporte de cargas, tanto rodoviário, quanto ferroviário, além da queda de receita das empresas de transporte aéreo de passageiros.
?O recuo no volume dos transportes de carga reflete a queda na produção industrial. Quanto menos bens produzidos, menos carga para transportar. No caso dos transportes de passageiros, a inflação também é parcialmente responsável pela redução?, avaliou o pesquisador.
Variação do volume de serviços em abril, por atividades:
Na análise por estados, 19 das 27 unidades da federação tiveram expansão no volume dos serviços em abril, com destaque para o Rio Grande do Sul (5,4%) e São Paulo (0,3%). Já as maiores quedas foram registradas no Espírito Santo (-1,2%), Rio de Janeiro (-0,1%) e Tocantins (-7,1%).
Os primeiros indicadores de maio ainda mostram uma atividade econômica fraca, após uma queda de 0,2% do PIB no 1 trimestre, em meio ao elevado desemprego, renda estagnada do brasileiro, alta ociosidade das empresas e queda dos investimentos públicos em razão da crise fiscal.
Na véspera, o IBGE divulgou que as vendas do comércio varejista caíram 0,6% em abril, o pior resultado para meses de abril desde 2015 (-1%) e também a primeira contração para o mês em quatro anos.
Já a produção industrial cresceu 0,3% em abril , mas o avanço foi insuficiente para recuperar a perda de 1,4% de março. Nos 4 primeiros meses de 2019, o setor industrial passou a acumular uma queda de 2,7% frente ao mesmo período de 2018.
De acordo com a última pesquisa Focus do Banco Central, o mercado reduziu a projeção de alta do PIB em 2019 caiu para 1%. Foi a 15ª queda consecutiva do indicador. E parte dos analistas já fala em alta abaixo de 1%, abaixo do resultado registro em 2017 e 2018, quando a economia cresceu 1,1% em cada um dos anos.
Fonte: G1