O aumento recente dos preços das commodities nos primeiros meses de 2017, que representam uma grande parcela da exportação brasileira, ajudou a economia brasileira a melhorar suas perspectivas. As commodities mais ligadas à atividade econômica, como as metálicas e as de energia, já apresentaram contribuição significativa no aumento do saldo comercial e da receita brasileira, e ainda na valorização do real frente ao dólar neste início de ano.
Para termos uma noção mais quantitativa, segundo a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), o índice de termos de troca - que é definido pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) como a razão entre o índice de preço dos produtos exportados e dos importados -, atingiu o seu melhor nível desde 2014. Estimativas do Bradesco ainda demonstram que o índice sofreu uma alta de 8,2% nos últimos doze meses até fevereiro deste ano. Esta retomada demonstra um otimismo, já que o índice teve uma queda expressiva no período entre 2011 e 2015.
Sobre a retomada da valorização do real frente ao dólar, com a perspectiva de fim da recessão e da volta do crescimento, a melhora no índice de termos de troca, ou seja, o crescimento maior do preço das exportações em relação ao preço das importações, foram fatores que valorizaram a moeda brasileira. Com a alta de preço das commodities, houve um aumento do fluxo de recursos para o Brasil, o que ajuda a explicar a recente queda da taxa de câmbio.
Outro dado econômico que deve melhorar neste ano puxado pelas commodities, segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), é a balança comercial, que deve ter seu melhor desempenho desde 2014 conforme as projeções dessa própria instituição. Em fevereiro, essa melhora pode ser vista, uma vez que as exportações cresceram em relação ao mesmo período de 2016. A receita do governo em janeiro deste ano também aumentou em relação ao mesmo período do ano passado, principalmente em função do aumento dos royalties do petróleo, impulsionado pelo aumento na produção e no preço internacional da commodity.
Em um período de recessão recente, uma recuperação dos preços médios das commodities, após cinco anos de queda, é importante para a recuperação da economia brasileira, o que se configura como um ponto favorável para uma melhor expectativa para o crescimento do PIB neste ano.
A melhora de perspectiva em relação ao crescimento dos Estados Unidos, da China e da zona do euro também favoreceu essa alta dos preços das commodities. Porém, vale ressaltar que tal perspectiva ainda se mantém abaixo das taxas de crescimento apresentadas pelos EUA e China em boa parte da década passada, fator que reforça que o índice de termos de troca dificilmente conseguirá manter este ritmo de alta apresentado no início do ano para os próximos meses de 2017.
Alguns especialistas apontam que a alta anual acumulada até fevereiro deve ficar estável ou sofrer pequenas variações até o final deste ano. A valorização das commodities vem como uma correção das quedas observadas nos últimos anos, ou seja, não pode ser encarada como um novo boom.
Ainda há incertezas sobre até que ponto os preços das commodities vão subir ao longo deste ano, mas com as recentes melhorias nos dados econômicos do Brasil, podemos notar que a valorização destes produtos já foram favoráveis ao processo de recuperação da economia brasileira. Principalmente por meio do aumento de receita no início do ano, ainda que não seja suficiente para que haja uma previsão totalmente otimista em relação ao futuro. O efeito pode não ser dos mais completos para uma recuperação significativa da economia brasileira, mas tendo em vista a recessão recente, todo saldo positivo é de extrema importância.
Post em parceria com Lucas Yamamoto, graduando em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Júnior de Economia (www.cjefgv.com)