A aérea brasileira Azul informou nesta segunda-feira (11) que fez uma proposta para comprar parte das operações da Avianca Brasil por US$ 105 milhões ? o equivalente a R$ 400 milhões.
O objetivo é adquirir os ativos de uma empresa, a Unidade Produtiva Isolada (UPI), que seria criada a partir do desmembramento da Avianca em duas partes. A UPI está prevista no plano de recuperação judicial da companhia.
A Avianca - quarta maior companhia aérea do país, esa em recuperação judicial desde dezembro do ano passado. A companhia acumula anos de crescentes prejuízos e atrasos em pagamentos de arrendamentos de aeronaves.
A proposta da Avianca inclui a compra de ativos selecionados, como o certificado de operador aéreo da Avianca Brasil, 70 pares de slots (direitos de pouso e decolagem em certos aeroportos) e o arrendamento de cerca de 30 aeronaves Airbus A320. A Avianca possui 234 slots e tem 48 aeronaves em operação.
Segundo a Avianca, os ativos da UPI devem ser colocados em leilão, do qual outros interessados podem participar, além da Azul.
Não foi informado se a proposta incluiria a transferência das dívidas da Avianca. A Azul está em período de silêncio, antes da divulgação dos resultados de 2018.
Em comunicado, a Avianca informou que a prioridade das negociações entre com a Azul é fazer com que passageiros e funcionários tenham seus direitos garantidos e que as operações não sofram alterações.
O processo de aquisição dos ativos estaria sujeito a condições, como a conclusão de um processo de diligência, a aprovação de órgãos reguladores e credores, assim como a conclusão do processo de recuperação judicial. A expectativa é que esse processo dure até três meses, informou a Azul.
A companhia disse ainda que manterá seus acionistas informados sobre os próximos passos de uma eventual transação.
Por volta das 11h30, as ações da Azul subiam mais de 7% na bolsa, enquanto que a Gol recuava acima de 3%.
Em comunicado, a Avianca informou que a revisão de seu plano de recuperação judicial será apresentada nos próximos dias, com a nova estrutura da empresa, que terá como foco suas rotas estratégicas.
"Com isso, Avianca Brasil se tornará mais forte e viável para enfrentar a atual conjuntura do mercado brasileiro", informou. A Avianca também declarou que pretende realizar a assembleia geral de credores o "mais breve possível" e reforçou que segue operando normalmente.
Entre o fim de 2016 e setembro de 2018, os passivos da Avianca Brasil para empresas de leasing de aeronaves quintuplicaram para R$ 415 milhões, de acordo com as demonstrações financeiras da empresa.
A Avianca contratou em janeiro a consultoria Galeazzi & Associados para ajudar a encontrar recursos e eventualmente um comprador. Os principais credores da companhia aérea são as empresas de leasing de aviões Aircastle e GE Capital Aviation Services.
A companhia está atrasando o salário de pilotos e comissários desde janeiro. Na semana passada, trabalhadores do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) se reuniram e deram o prazo de quarta-feira (13) para que a empresa se posicione antes de um novo encontro para discutir uma eventual paralisação.
Na última quinta-feira (7), um voo da Avinaca que seguia de Guarulhos (SP), para Miami teve a rota desviada para San Juan, na ilha caribenha de Porto Rico. Em nota, a companhia disse que o avião, um Airbus A330, "fez um pouso técnico", mas não detalhou as razões do procedimento.
A Avianca Brasil é separada da Avianca Holdings, com sede na Colômbia. Mas elas pertencem a um mesmo grupo, do empresário boliviano German Efromovich.
Fonte: G1