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   Balança comercial tem em 2015 melhor saldo em 4 anos

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Com a economia brasileira em recessão e o dólar alto, as importações desabaram 24,3% em 2015 e, com isso, o superávit ? exportações menos compras do exterior ? da balança comercial brasileira registrou o maior valor em quatro anos. Os números foram divulgados nesta segunda-feira (4) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

No ano passado, o saldo das transações comerciais do Brasil com o resto do mundo somou US$ 19,69 bilhões. Foi o maior valor para um ano fechado desde 2011, quando o superávit comercial somou US$ 29,79 bilhões.

Em 2012 e 2013, houve um saldo positivo de, respectivamente, US$ 19,39 bilhões e de US$ 2,28 bilhões. Em 2014, foi contabilizado um déficit - importações maiores do que vendas externas - de US$ 4,05 bilhões (número revisado).

"Nós sempre compartilhamos com vocês que a desvalorização cambial [alta do dólar] impulsiona, em especial, a exportação de manfufaturados. Esse processo toma tempo. O comportamento de cada grupo é diferente. Temos sinais de impacto positivo do cambio sobre as exportações sobre automóveis e têxteis (...) Houve impacto parcial do cambio sobre as exportações em 2015", declarou secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Daniel Godinho.

Dólar alto torna as vendas externas mais baratas e as importações mais caras. No ano passado, a moeda norte-americana subiu quase 50% - o maior aumento em 13 anos.

Petróleo também ajuda

Ainda segundo números oficiais, a melhora da balança comercial também foi influenciada pela queda do preço do petróleo. Como o Brasil mais importa do que vende petróleo ao exterior, o recuo do preço favorece a melhora do saldo comercial do país.

A conta que inclui petróleo, derivados e combustíveis, teve déficit de US$ 5,73 bilhões em 2015, contra um resultado negativo de US$ 16,93 bilhões em 2014. Somente este fator, portanto, foi responsável por uma melhora de US$ 11,2 bilhões no saldo comercial no ano passado (47% da reversão do saldo comercial registrado em 2015).

"O petróleo e seus derivados são produtos importantes da pauta exportadora. Esses produtos têm importância fundamental para também explicar a melhora da balança comercial como um todo. O Brasil continua como importador líquido", disse Godinho, do Ministério do Desenvolvimento.

Exportações e importações

No ano passado, as exportações somaram US$ 191,13 bilhões, com média diária de US$ 764 milhões (queda de 14,1% sobre 2014). Foi o menor valor, para um ano fechado, desde 2009 ? pela média diária, fator considerado mais apropriado por especialistas.

Em 2015, recuaram as vendas de semimanufaturados (-7,9%) e de produtos básicos (-19,5%). E também de manufaturados, que tiveram um recuo de 8,2%.

Segundo Daniel Godinho, a queda dos preços das "commodities" (produtos básicos com cotação interancional, como minério de ferro, alimentos e petróleo) influenciou fortemtente o resultado comercial do ano passado.

De acordo com números oficiais, as vendas externas de minério de ferro, do complexo soja e de óleos brutos de petróleo bateram recorde em termos de quantidade. Porém, o preço do minério de ferro recuou 48,7% frente ao ano de 2014, do complexo soja caiu 24,2% e de óleos brutos de petróleo caiu 49,4%.

Com os preços mais baixos, os valores das exportações destes produtos também acabaram recuando, apesar da quantidade recorde exportada. "Se os preços das 'commodities' estivessem no mesmo patamar de 2014, as exportações seriam US$ 37 bilhões maiores no ano passado", disse o secretário de Comércio Exterior.

As importações, por sua vez, somaram US$ 171,45 bilhões em 2015, ou US$ 685 milhões por dia útil ? queda de 24,3% em relação ao ano de 2014, segundo números oficiais. Também é o menor valor, para um ano fechado, desde 2009.

A queda nas importações foi puxada por menores gastos com combustíveis e lubrificantes (-44,3%), matérias-primas (-20,2%), bens de consumo (-19,6%) e máquinas e equipamentos para produção (-20,2%).

Dezembro foi o melhor mês da história

Em dezembro de 2015, segundo informou o Ministério do Desenvolvimento, as exportações superaram as importações em US$ 6,24 bilhões. Foi o maior saldo mensal positivo para todos os meses, desde o início da série histórica da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 1989.

O resultado do mês passado foi influenciado pela "exportação" de uma plataforma de extração de petróleo, no valor de US$ 818 milhões. Neste tipo de operação, que já foi realizada anteriormente, a plataforma não chegou, porém, a sair do Brasil.

Ela foi comprada de fornecedores brasileiros por subsidiárias no exterior e depois "internalizada" no Brasil como se estivesse sendo "alugada", mesmo sem deixar o país fisicamente. Esse expediente ? que é legal e está de acordo com as regras internacionais ? permite às empresas do setor recolherem menos tributos. O processo é chamado de "exportação ficta".

Compradores e vendedores

Segundo os números do governo, a China continuou sendo o maior comprador de produtos brasileiros no ano passado. Em 2015, o país asiático comprou US$ 35,6 bilhões do Brasil, seguida pelos Estados Unidos (US$ 24,2 bilhões), Argentina (US$ 12,8 bilhões) e Países Baixos (US$ 10 bilhões).

Ao mesmo tempo, a China também foi o maior vendedor para o Brasil em 2015. No ano passado, as importações do país asiático somaram US$ 30,7 bilhões, seguido dos Estados Unidos (US$ 26,8 bilhões), da Alemanha (US$ 10,4 bilhões) e da Argentina (US$ 10,3 bilhões).

Estimativas do mercado e do BC para 2016

A expectativa do mercado financeiro para este ano é de melhora do saldo comercial, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras na semana passada. A própria autoridade monetária também prevê melhora no saldo comercial.

A previsão dos analistas dos bancos é de um superávit de US$ 35 bilhões nas transações comerciais do país com o exterior para 2016. Essa é a  mesma previsão de saldo positivo do Ministério do Desenvolvimento para este ano.

Já o Banco Central prevê um superávit da balança comercial de US$ 30 bilhões para este ano, com exportações em US$ 190 bilhões e compras do exterior no valor de US$ 160 bilhões.

Fonte: G1


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