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   Banco Central pronto para apressar o passo

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E não se pode descartar que o cenário se apresente até mais favorável por conta da desinflação dos alimentos. O Banco Central avalia que a queda no preço dos alimentos deve ajudar a derrubar indiretamente outros preços, produzindo o que, na linguagem da política monetária, se chama de efeitos secundários.


A mensagem está clara no parágrafo 16 da ata do Copom, divulgada nesta quinta-feira (2). 


"Os membros do Comitê reafirmaram o entendimento de que, com expectativas de inflação ancoradas, projeções de inflação na meta para 2018 e marginalmente abaixo da meta para 2017, e elevado grau de ociosidade na economia, o cenário básico do Copom prescreve antecipação do ciclo de distensão da política monetária."


Antecipar o ciclo de distensão da política monetária significa acelerar o ritmo de queda da taxa de juros. Para quanto? O Copom preferiu deixar a questão em aberto. No parágrafo 21, a autoridade monetária afirmou que "os membros do Comitê debateram os próximos passos e manifestaram preferência por manter maior grau de liberdade quanto às decisões futuras, a serem tomadas em função da evolução do cenário básico".


O que significa também que, caso o cenário piore, a tal antecipação pode nem acontecer. Embora isso seja pouco provável. Mas Banco Central é assim, recado nas entrelinhas, nada de preto no branco.


Além da inflação baixa, joga a favor da redução mais acentuada da taxa de juros a paralisia econômica. Na ata, o Banco Central reconhece que "os desafios para a retomada da atividade econômica permanecem, e o Comitê avalia que a recuperação da economia ao longo de 2017 deverá ser gradual".

Há muita capacidade ociosa na indústria, no comércio, nos serviços. Situação na qual há muito espaço para a retomada sem gerar pressão inflacionária.

Ao custo da maior recessão e do mais elevado desemprego, o cenário para a inflação nunca esteve tão favorável desde 2007, quando as projeções de inflação também apontavam para abaixo da meta de 4,5%.

Já se preocupando com 2018A cautela do Banco Central, se acelera ou não o passo, já não se deve mais à preocupação com a inflação deste ano, projetada em 4,2% (abaixo da meta), mas com 2018.

Com juros onde estão (12,25% ao ano) e dólar estável, a inflação deste ano ficaria ainda mais baixa, 3,8%, e no ano que vem 3,3%.

Ou seja, tem muito espaço para cortar juro. Mas no mesmo parágrafo 21 o BC pondera sobre "os efeitos defasados que a política monetária pode ter sobre a inflação para o ano-calendário de 2018, cujas projeções encontram-se em torno da meta de 4,5%".

O que está se dizendo é que, com o jogo ganho em 2017, é preciso assegurar o resultado para o ano que vem.

A reversão da inflação corrente e das expectativas para o futuro se deu de forma espetacular em poucos meses. Na reunião de julho do Copom, a primeira comandada por Ilan Goldfajn, jogo duro.

A ata sequer sinalizava com redução dos juros. O recado, sintetizado numa frase curta, dizia que "o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária".

Fonte: G1


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