"A gente precisa distinguir entre concentração e competição. Na crise [do subprime, iniciada em 2008], países aceitaram mais concentração por mais segurança", declarou ele, acrescentando que "vários estudos mostram que a competição no Brasil não é muito diferente do mundo emergente".
"O Brasil, apesar de ser concentrado [o sistema financeiro], dá pra dizer que existe competição. No entanto, essa competição não gerou um spread [juros bancários] adequado?, declarou ele na ocasião.
O economista disse, também, que só olhar o tamanho do lucro dos bancos ?não é uma boa métrica?. Ele acrescentou que é preciso avaliar a rentabilidade das instituições financeiras.
?Tem que ver qual é o lucro sobre o capital empregado. Retorno dos bancos já foi bem maior, 19%, 20%, já caiu para 12%. Bancos rendiam mesma coisa que títulos do governo. Agora voltou para alguma coisa como 15%. Apesar de o lucro ser crescente, rentabilidade baixou muito, voltou a crescer, mas está abaixo do máximo?, afirmou Campos Neto.
Estudo da Consultoria Economática mostra, porém, que a mediana da rentabilidade sobre o patrimônio (ROE) dos bancos brasileiros supera a das instituições norte-americanas desde 2005, com exceção de 2014 - considerando bancos com ativos acima de US$ 100 bilhões. O levantamento foi feito até o ano de 2016.
Juros bancários médios
Com o aumento dos juros do cheque especial e do cartão de crédito rotativo em dezembro, os números do BC mostram que também houve alta nos juros médios das instituições com recursos livres (sem contar BNDES, crédito rural e imobiliário) em novembro.
- a taxa média total (pessoa física e jurídica) passou de 35,6% ao ano em dezembro para 37,7% ao ano em janeiro.
- os juros nas operações com pessoas físicas passaram de 48,9% ao ano, em dezembro, para 51,4% ao ano, em janeiro.
- a taxa cobrada das empresas subiu de 18,8% ao ano em dezembro para 20,2% ao ano em janeiro.
Com o aumento dos juros médios de todas as operações das instituições financeiras, o chamado "spread bancário" (diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram de seus clientes) também subiu em janeiro.
No caso das operações com pessoas físicas e com empresas, o "spread" passou de 40,7 pontos percentuais em dezembro para 43,5 pontos em janeiro deste ano. Com isso, o spread bancário segue em patamar elevado para padrões internacionais.
O "spread" é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.