O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) caiu 0,2% em maio, em relação a abril, mostrou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), nesta segunda-feira (8).
Essa foi a menor queda mensal do indicador desde setembro de 2014.
Segundo o economista da entidade, Fabio Bentes, esse resultado ?significa que a queda na confiança perdeu força em maio? e que ?cede esperança que os setores estejam observando alguma possibilidade de recuperação no segundo semestre do ano?.
A CNC mostrou ainda que pela primeira vez desde setembro do ano passado, o subíndice que mede a expectativa do empresário do comércio apresentou resultado positivo, 1%. O economista afirmou, contudo, que é ?muito cedo para estabelecer que maio ou junho como início de tendência de recuperação do comércio?.
A avaliação das condições correntes registrou queda de 3,4%. Já as intenções de investimentos caíram 2,9%. O especialista avaliou que uma ?piora teria esforço muito grande?.
?O primeiro semestre foi muito ruim, basicamente. É difícil uma piora, embora a expectativa de inflação seja muito alta, seguramente não teremos os ajustes expressivos que tivemos nas tarifas públicas do começo do ano. As chances de um orçamento familiar menos sobrecarregado pelo aumento de tarifas, abre algum espaço para algum alivio no consumismo?, explicou Bentes.
O economista apontou que a ?maior prova disso é o fato de a inflação vir perdendo força? dos produtos comercializáveis. ?Atingiu pico em doze meses em julho do ano passado, de 7,1%. E hoje está 5,64%, abaixo do teto da meta, 6,5%?.
Taxa de juros impacta
De acordo com Bentes, a tendência de elevação da taxa de juros, no entanto, ?vai impedir segmentos importantes do comércio? como o setor de automóveis, móveis e eletrodomésticos e vestuário.
?Depende de crédito [a compra desses itens]. Com o alívio na inflação, o consumidor vai conseguir recuperar um pouco o poder de compra, mas o crédito não vai permitir que assuma endividamentos para consumo de móveis, eletrodomésticos e automóveis?, analisou.
?Se a Selic subir, os bancos vão elevar as taxas de juros. O cenário do ponto de consumo de duráveis não é nada bom, mas pelo menos tem um alívio sensível. A tendência daqui para frente é que essa situação pare de piorar?, concluiu.
A CNC prevê uma queda de 0,4% no varejo neste ano, enquanto a queda, considerando também o setor de automóveis e material de construção pode chegar a 6%, o pior resultado em toda a série histórica do indicador, iniciada em 2004.
Emprego e estoques
Diante do cenário, a CNC prevê, pela primeira vez desde 2007, o nível de ocupação no comércio varejista deverá registrar retração anual de -0,7%, em relação a 2014.
Segundo 92% dos empresários, as condições econômicas pioraram nos últimos 12 meses, sendo que 64,3% dos entrevistados perceberam deterioração acentuada no período. A avaliação das condições atuais do setor ? segundo pior item em todo o Índice ? também acusou forte retração em maio, -42,7% em relação a maio de 2014.
Quanto aos estoques - modalidade de investimento de curtíssimo prazo - está acima do adequado na opinião de 29,1% dos empresários. A CNC diz que esse patamar é o mais elevado desse item desde o início do Icec, em março de 2011.
Fonte: G1