As contas do setor público consolidado, que englobam o governo federal, estados, municípios e empresas estatais, registraram um déficit primário de R$ 94,303 bilhões em abril. As informações foram divulgadas pelo Banco Central nesta sexta-feira (29).
O déficit significa que as despesas do setor público superaram as receitas com impostos e contribuições. Esse valor não contabiliza as despesas com juros da dívida pública
O mês de março já havia apresentado resultado negativo nas contas públicas refletindo alguns efeitos da pandemia do novo coronavírus, o que se intensificou em abril, com queda na arrecadação e aumento dos gastos públicos.
Em abril, por exemplo, a arrecadação do governo federal teve queda real de 28,95% e registrou o pior resultado para o mês da série histórica da Receita Federal, com início em 2007.
No mês passado, ainda de acordo com o BC:
No acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, as contas do setor público apresentaram déficit primário (despesas maiores do que as receitas, sem contar juros da dívida) de R$ 82,583 bilhões.
No mesmo período do ano passado, as contas públicas haviam registrado um resultado positivo, com superávit de R$ 19,974 bilhões.
Quando os juros da dívida pública são incluídos na conta ? no conceito conhecido no mercado como resultado nominal, utilizado para comparação internacional ?, o déficit do setor público em abril soma R$ 115,820 bilhões.
Em 12 meses até abril deste ano, o resultado ficou negativo (déficit nominal) em R$ 545,716 bilhões. O valor equivale a 7,48% do PIB.
Os resultados nominais são acompanhados com atenção pelas agências de classificação de risco para a definição da nota de crédito dos países, indicador levado em consideração por investidores.
A dívida bruta do setor público subiu em março. O indicador é uma das principais formas de comparação internacional (que não considera os ativos dos países, como as reservas cambiais) e é acompanhado mais atentamente pelas agências de classificação de risco.
A dívida estava em 78,4% do PIB em março (R$ 5,75 trilhões) e avançou para 79,7% em abril (R$ 5,81 trilhões), segundo números do Banco Central.
O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, já afirmou que com os efeitos da pandemia do novo coronavírus a expectativa é de que a dívida termine o ano de 2020 entre 85% e 90% do PIB.