A concessão, renovação e suspensão de crédito para empresas somaram R$ 323 bilhões após o início da pandemia do coronavírus, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O valor é referente ao período entre 16 de março ? data em que a Febrabran anunciou a possibilidade de prorrogação de parcelas de dívidas ? e 30 de abril.
O montante representa uma alta de 75,5% na comparação com março e abril de 2019, considerando a média por dia útil de cada período, e diz respeito a todos os bancos do país, inclusive os públicos.
Em nota, a Febraban explicou que contribuíram para o resultado a incerteza do cenário econômico, em razão da pandemia, e o cancelamento de linhas de financiamento externo para o Brasil. Isso faz que o mercado interno de crédito seja mais acionado.
"Isso ocorreu em razão do expressivo aumento na demanda por crédito bancário em geral, por conta da forte incerteza do cenário econômico, da redução das operações no mercado de capitais e do cancelamento de linhas de financiamento externo para o Brasil", afirmou a Febraban.
"Essa expansão na demanda foi atendida pelo setor bancário doméstico, o que explica esta taxa elevada de 75,5% de crescimento nas concessões para pessoas jurídicas no segmento livre", completou a entidade.
Do total de R$ 323 bilhões, R$ 247,5 bilhões são referentes a novas contratações. A maior parte delas (72,5%) foi realizada por grandes empresas. Outros R$ 61,9 bilhões são renovações, como por exemplo de linhas de capital de giro, que tiveram o vencimento adiado. Nesse caso, 65,4% das operações foram realizadas por médias, pequenas e micro empresas. E R$ 13,6 bilhões dizem respeito às parcelas que foram prorrogadas.
Para as pessoas físicas, foram concedidos, renovados ou prorrogados créditos no valor de R$ 149,5 bilhões, no mesmo período. A Febraban não informou qual foi a evolução na comparação com 2019.
De acordo com a federação, 7,4 milhões de contratos de pessoas físicas e jurídicas tiveram as parcelas suspensas por um período entre 60 e 180 dias. No total, os bancos prorrogaram parcelas no valor de R$ 40,8 bilhões, sendo R$ 27,2 bilhões para consumidores e R$ 13,6 bilhões para empresas.
Desde o início da crise causada pela pandemia do novo coronavírus, o Banco Central vem anunciando medidas para injetar recursos no sistema financeiro e permitir que os bancos tenham mais dinheiro em caixa. A última divulgação da autoridade monetária estimava uma injeção de R$ 1,2 trilhão, valor quase dez superior ao liberado durante a crise de 2008.
Além disso, o presidente Jair Bolsonaro assinou, no final de abril, uma medida provisória que libera os bancos públicos de observar uma série de requisitos em contratações e renegociações de empréstimos até o dia 30 de setembro. A iniciativa abre caminho para que instituições como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil concedam crédito, por exemplo, para quem tem dívidas fiscais ou com o FGTS.