Maior acionista do Fundo Monetário Internacional (FMI), os Estados Unidos deram na última quinta-feira, 10, as ?boas-vindas? às negociações entre a Argentina e a instituição multilateral e reiteraram o ?forte apoio? às reformas pró-mercado implementadas pelo governo de Mauricio Macri.
A diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, declarou que a organização está ?preparada? para ajudar a Argentina nesse momento de ?significativa volatilidade financeira?.
As expressões de apoio foram dadas durante encontros que o ministro da Fazenda de Macri, Nicolás Dujovne, teve em Washington com Lagarde e o subsecretário para Assuntos Internacionais do Tesouro dos EUA, David Malpass.
Segundo nota divulgada pelo lado americano, Malpass elogiou as medidas do governo argentino para tentar equilibrar as contas públicas e conter a inflação.
Em comunicado do FMI, Lagarde manifestou apoio às reformas e confirmou a negociação de um acordo ?stand by de alto acesso? para sustentar o ?abrangente? programa econômico da administração Macri. Também conhecido como ?stand by? de ?acesso excepcional?, esse é o salva-vidas tradicional usado pelo Fundo em casos de países que enfrentam dificuldades para cumprir suas obrigações externas.
Dujovne afirmou que não falará em cifras até que o acordo seja fechado. Na última quarta-feira, 9, ele havia declarado que negociações do tipo costumam demorar seis semanas. O ministro ressaltou que um programa ?stand by de alto acesso? dá a ?flexibilidade? necessária para o País atingir seus objetivos.
?Estamos convencidos de que a decisão que tomamos nos ajudará a conquistar uma Argentina que cresça de maneira sustentável e siga avançando na direção do desenvolvimento?, ressaltou em nota.
Alberto Ramos, analista do Goldman Sachs, disse que Macri tomou uma decisão correta e ?ousada? ao optar pelo socorro clássico do FMI. A intenção original era pedir uma ?linha de crédito flexível?, mas esse instrumento só é destinado a países que possuam fundamentos macroeconômicos sólidos e enfrentem problemas pontuais no balanço de pagamentos. Com inflação alta e elevado déficit em conta corrente, a Argentina não atendia a esses requisitos.
Além disso, a linha flexível tem limite de valor e só pode ser concedida por até dois anos. O socorro tradicional não tem restrições de cifras e pode se estender por até três anos, destacou Ramos. ?Isso permitirá que a Argentina cumpra suas necessidades de financiamento externo por um período mais longo e o custo dos recursos oficiais do FMI é mais barato que o registrado no acesso a mercados internacionais financeiros.?
O programa tradicional costuma ter condições mais estritas, mas Ramos não acredita que as exigências serão pesadas. Em sua opinião, o FMI levará em conta as ?credenciais ortodoxas? das autoridades argentinas, o fato de Macri ter iniciado uma série de reformas pró-mercado e a avaliação de que os desequilíbrios foram provocados pela administração anterior.
O ministro da Fazenda afirmou que as negociações serão retomadas na próxima semana em Washington. Depois, é possível que uma missão do Fundo seja enviada à Argentina.
O processo termina com a apresentação de um relatório à diretoria da instituição, que deverá decidir se aprova ou não o crédito. Mas a manifestação de simpatia do Tesouro americano ao pleito argentino é uma indicação de que o socorro terá sinal verde.
Não está claro se a Argentina começará a usar os recursos de maneira imediata ou se optará por mantê-los como reserva, utilizada em caso de necessidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Exame