O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a prioridade do governo para a recuperação econômica é a geração de emprego e manutenção da renda. ?O Brasil vai surpreender o mundo. É um povo valente. Vamos furar as duas ondas e sair do lado de lá?, disse Guedes durante transmissão semanal ao vivo do presidente Jair Bolsonaro.
Entre as medidas que a pasta estuda, o ministro elencou destravar investimentos ? especialmente em gás natural, para tornar a energia barata -, o encaminhamento da Reforma Tributária, redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e maior acessibilidade à cesta básica.
?Precisamos justamente abrir novos horizontes de investimento. Então vem investimento em gás natural: o choque da energia barata. Isso vai chegar no botijão de gás daqui a pouco, que vai ficar barato. Vamos fazer depois a reforma tributária e reduzir os IPIs. Vamos também tornar a cesta básica mais acessível. Tudo isso mais acessível pra população. Comprar fogão e geladeira, se a gente tirar os IPIs, isso desaba, o preço desaba. Nós vamos retomar nossa agenda de reformas estruturantes?, afirmou.
O ministro também indicou que estuda implantar um bônus a pequenos empresários que cumprirem com os pagamentos de empréstimos tomados durante a crise. ?Para o sujeito pequenininho que foi lá, pegou empréstimo, trabalhou bem, conseguiu se recuperar e pagou o empréstimo, a gente dá o bônus de adimplência e perdoa o crédito. Estamos estudando isso?, afirmou Guedes.
Guedes também disse não acreditar nas previsões que são feitas para a economia diante de um choque como o provocado pela covid-19 e que acha que o Fundo Monetário Internacional (FMI) vai errar sua estimativa de retração de 9,1% para a atividade brasileira neste ano.
Para o ministro, quando há a ocorrência de um baque na magnitude como o do coronavírus, modelos utilizados para calcular as projeções falham.
?A previsão do FMI, por exemplo, é -9%. Eu acho que eles vão errar. Eu acho que pode ser menos do que isso?, disse o ministro em live com o presidente Jair Bolsonaro.
Na atualização de seu relatório Perspectiva Econômica Global divulgada na quarta-feira, o FMI passou a projetar contração do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 9,1% neste ano, contra recuo de 5,3% previsto em abril, já calculado por reflexo da pressão das medidas adotadas contra o coronavírus.
Segundo Guedes, a projeção foi feita por uma profissional que ?estreava na função?.
?Eu acho que ela vai passar aperto lá no final com essa previsão que ela fez, mas vamos ver. Também não vou dizer que está errado nem que está certo. Só digo que não é possível fazer uma previsão dessa em um momento como esse?, complementou.
A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia ainda prevê um recuo de 4,7% para a atividade neste ano, enquanto o Banco Central projeta recuo de 6,4%.
Em outro ponto da sua participação na live semanal do presidente, o ministro da Economia disse acreditar que o Brasil tem condições de surpreender o mundo e se recuperar em forma de ?V?, em alusão a uma rápida retomada da economia após forte declínio causado por medidas de restrição social para conter a pandemia de Covid-19.
?Eu acho que o Brasil tem condições de surpreender o mundo, saindo em ?V?. ?V?, que a gente diz, é que caiu, bate no fundo, e começa a voltar. Nós temos, realmente, condição de voltarmos à uma recuperação econômica antes até de outros países do mundo?, pontuou o ministro.
Guedes pontuou que as exportações brasileiras aumentaram durante a pandemia, com destaque para produtos agrícolas e minerais. ?O choque que vinha de fora, no Brasil, acabou não vindo porque as exportações continuaram girando.?
O titular da pasta econômica também disse que aparentemente a economia já bateu o fundo do poço em termos de impacto econômico da pandemia do Covid-19. ?Aparentemente, maio foi o fundo do poço?, afirmou.
Guedes adotou tom crítico em relação à decisão da véspera pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir redução de salário de servidores públicos da União, Estados e municípios e avaliou que a opinião pública vê isso como manutenção de privilégios.
Fonte: Exame