O Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) caiu 0,59% em maio, segundo divulgou nesta terça-feira (26) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em abril, o indicador ? que é considerado uma prévia da inflação oficial ? já havia registrado deflação de 0,01%.
Trata-se da deflação mais intensa desde o início do Plano Real, em julho de 1994, evidenciado a baixa demanda e a fraqueza da economia em meio a pandemia de coronavírus. Até então, o maior recuo tinha sido registrado em setembro de 1998, quando o IPCA-15 registrou baixa de -0,44%.
Pesquisa da Reuters com economistas estimava queda de 0,45% em maio.
Segundo o IBGE, a queda do preço da gasolina (-8,51%) foi o item que apresentou o maior impacto no resultado do mês, respondendo sozinho por uma baixa de 0,41 ponto percentual no índice geral.
A retração de 8,54% dos combustíveis também foi influenciada pela queda nos preços do etanol (-10,40%), do óleo diesel (-5,50%) e o gás veicular (-1,21%).
Na última quarta-feira (20), porém, a Petrobras aumentou o preço da gasolina nas refinarias em 12%. O valor do diesel não foi alterado. Foi o terceiro aumento consecutivo no preço da gasolina. O avanço dos preços se dá num cenário de recuperação recente dos preços do barril do petróleo no mercado internacional com novos sinais de corte na produção.
Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, 5 apresentaram deflação em maio, com destaque para Transportes (-3,15%) e Habitação (-0,27%).
No lado das altas, o destaque mais uma vez ficou com Alimentação e bebidas (0,46%), embora tenha havido desaceleração em relação à alta de preços em abril (2,46%).
Veja o resultado para cada um dos grupos pesquisados pelo IBGE:
Os alimentos para consumo dentro de casa ficaram em média 0,60% mais caros em maio, segundo o IBGE. Entre os itens com as maiores altas, destaque para cebola (33,59%), batata-inglesa (16,91%), feijão-carioca (13,62%), o alho (5,22%) e o arroz (2,59%).
Por outro lado, os preços da cenoura, que haviam apresentado alta de 31,67% em abril, caíram 6,41%. Já as carnes (-1,33%) acentuaram a queda em relação ao mês anterior (-0,27%).
Nos artigos de residência, chamou a atenção a alta nos preços dos itens de tv, som e informática (2,81%) e dos eletrodomésticos e equipamentos (0,89%).
No grupo Habitação, a maior contribuição para a deflação em maio veio da energia elétrica (-0,72%).
Outras quedas significativas no mês foram observadas nos itens passagens aéreas (- 27,08%), gás de botijão (-1,09%) e gás encanado (-0,36%).
Todas as 11 regiões pesquisadas apresentaram deflação em maio. O maior recuo de preços foi na região metropolitana de Fortaleza (-0,23%). Já a menor variação foi na região metropolitana de Curitiba (-1,12%). Nas regiões de São Paulo e Rio de Janeiro, houve deflação de -0,52% e -0,39%, respectivamente.
A expectativa de inflação do mercado para este ano segue abaixo da meta central, de 4%, e também do piso do sistema de metas, que é de 2,5% neste ano.
Segundo o relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, os analistas do mercado financeiro reduziram, de 1,59% para 1,57%, a estimativa de inflação para 2020. Foi a 11ª redução seguida do indicador.
Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Quando a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que está atualmente em 3% ao ano ? mínima histórica.
O mercado segue prevendo corte na taxa básica de juros neste ano. A previsão dos analistas para a taxa Selic, no fim de 2020, segue em 2,25% ao ano. Já para o PIB (Produto Interno Bruto), a estimativa é de um tombo de 5,89%.
Fonte: G1