Economistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central reduziram outra vez a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e, também, sua estimativa para a inflação - que passou a ficar abaixo da marca dos 2%.
Além disso, os analistas dos bancos também passaram a projetar um corte maior da taxa básica de juros no decorrer de 2020 e elevaram para R$ 5 a previsão para a cotação do dólar no fim deste ano.
As projeções fazem parte do boletim de mercado, conhecido como relatório "Focus", divulgado nesta segunda-feira (4) pelo Banco Central (BC). Os dados foram levantados na semana passada em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.
Para o PIB de 2020, a expectativa de redução passou de 3,34% para 3,76%. Essa foi a 12ª semana seguida de revisão para baixo do indicador.
Apesar da nova queda, a previsão do mercado para a contração do PIB brasileiro em 2020 ainda está abaixo da divulgada pelo Banco Mundial, que estia um tombo de 5%, e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê queda de 5,3%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
A nova redução da expectativa para o nível de atividade foi feita em meio à pandemia do novo coronavírus, que tem derrubado a economia mundial e colocado o mundo no caminho de uma recessão.
Nos últimos meses, tanto o Ministério da Economia quanto o Banco Central também revisaram suas estimativas e passaram a prever estabilidade (sem alta, mas também sem contração) do PIB neste ano.
Em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 1,1%. Foi o desempenho mais fraco em três anos.
Para o próximo ano, a previsão do mercado financeiro para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) subiu de 3% para 3,20%.
Segundo o relatório divulgado pelo BC, os analistas do mercado financeiro reduziram,de 2,20% para 1,97%, a estimativa de inflação para 2020. Foi a oitava redução seguida do indicador.
A expectativa de inflação do mercado para este ano segue abaixo da meta central, de 4%, e também do piso do sistema de metas, que é de 2,5% neste ano.
Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Quando a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic).
Para 2021, o mercado financeiro reduziu de 3,40% para 3,30% sua previsão de inflação. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.
O mercado passou a prever corte maior da taxa básica de juros da economia brasileira nos próximos meses. Atualmente, a taxa Selic está em 3,75% ao ano.
A previsão dos analistas para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, colegiado que define o nível da taxa de juros, foi mantida em uma redução de 0,5 ponto percentual, para 3,25% ao ano. A reunião nesta semana, entre terça (5) e quarta-feira (6).
Entretanto, para a reunião seguinte do Copom, marcada para meados de junho, o mercado passou a projetar um corte também de 0,5 ponto percentual na taxa Selic - para 2,75% ao ano. Até então, os economistas vinham prevendo um corte menor, de 0,25 ponto percentual, para 3% ao ano.
Para o fim de 2021, a expectativa do mercado caiu de 4,25% para 3,75% ao ano. Isso quer dizer que os analistas seguem estimando alta dos juros no ano que vem, embora em menor intensidade.