O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco do Brasil se reunirá nesta quarta-feira (30), e os analistas do mercado financeiro preveem uma nova redução na taxa básica de juros, a Selic.
A taxa está em 5,5% ao ano, e o mercado prevê uma redução para 5% ao ano. A decisão deve ser anunciada por volta das 18h.
Se confirmada a nova redução, a Selic atingirá o menor patamar em 30 anos, ou seja, desde que o Banco Central começou a série histórica.
De acordo com o relatório Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, a expectativa dos economistas é que os cortes nos juros continuarão no próximo encontro do Copom, em dezembro.
Assim, se confirmada a queda prevista pelos analistas, a Selic pode terminar 2019 em 4,5% ao ano e permanecer nesse percentual até o começo de 2021.
A principal missão do Banco Central é controlar a inflação, tendo por base o sistema de metas. Para este ano, a meta central de inflação é de 4,25%, podendo oscilar de 2,75% a 5,75%. Para 2020, o objetivo central é de 4% (com oscilação de 2,5% a 5,5%).
Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o BC reduz os juros. Quando estão acima da trajetória esperada, a taxa Selic é elevada.
Para definir a taxa básica de juros, o BC já está de olho nas previsões de inflação do ano que vem. Isso porque as decisões levam meses para ter impacto pleno na economia. Para este ano, a previsão do mercado é que a inflação fique em 3,29% e, em 2020, em 3,6%.
O superintendente de assessoria econômica da Associação Brasileira de Bancos, Everton Pinheiro de Souza Gonçalves, avaliou que o cenário de baixo nível de atividade e o repasse baixo da alta do dólar para os preços permitem o corte de juros.
"Com a debilidade fiscal restringindo os investimentos do governo e a desaceleração sincronizada do comércio mundial, restam os estímulos monetários [cortes de juros] para impulsionar a atividade", acrescentou.
A eventual redução dos juros básicos da economia afetará as aplicações financeiras como a caderneta de poupança e os investimentos em renda fixa.
Isso porque, no caso da poupança, a regra atual de remuneração prevê que os rendimentos estão atrelados aos juros básicos sempre que a Selic estiver abaixo de 8,5% ao ano.
Nesse cenário, a correção anual das cadernetas fica limitada a um percentual equivalente a 70% da Selic, mais a Taxa Referencial, calculada pelo Banco Central. A norma vale apenas para depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012.
Se o juro básico da economia recuar para 5% ao ano, a correção da poupança seria de 70% desse valor ? o equivalente a 3,5% ao ano, mais a Taxa Referencial.
Mesmo assim, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), a caderneta de poupança "vai continuar sendo uma excelente opção de investimento, principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a 1% ao ano".
Mesmo com a taxa Selic no menor patamar em décadas, os juros bancários seguem em níveis elevados para padrões internacionais.
Em setembro, segundo dados do Banco Central, a taxa bancária média (pessoa física e jurídica) somou 38% ao ano, enquanto que, para as pessoas físicas, totalizou 51,3% ao ano.
Em alguns casos, como no cheque especial e no cartão de crédito rotativo, estão acima de 300% ao ano.
Fonte: G1