O número de brasileiros com contas em atraso continua crescendo e chegou a 58,7 milhões de devedores no país em março, o equivalente a 39,64% da população entre 18 e 95 anos, informaram nesta segunda-feira (11) o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
"Apenas entre fevereiro e março desse ano cerca de 700 mil devedores foram negativados. A estimativa é de que 4,2 milhões de novos devedores foram incluídos nas listas de inadimplentes desde o início de 2015, quando o indicador apontava para 54,6 milhões de negativados", informam as entidades.
Segundo o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a inadimplência deve continuar crescendo nos próximos meses, em razão da piora da economia e do aumento do número de desempregados.
"A inflação elevada tem prejudicado o planejamento financeiro dos brasileiros, já que há perda constante do poder de compra. Além disso, as altas taxas de juros encarecem as compras realizadas a prazo e os financiamentos, dificultando ainda mais o pagamento em dia dos compromissos financeiros", avaliou.
Por regiões e por gênero
De acordo com o indicador do SPC Brasil, no último mês de março frente à igual período do ano passado, a alta mais expressiva da inadimplência foi na região Nordeste, onde foi verificado um aumento de 8,09% na quantidade de consumidores com dívidas em atraso.
Entre as quatro regiões consideradas no estudo, o Nordeste mostrou a maior alta anual do indicador pelo oitavo mês consecutivo. Em seguida aparecem a região Centro-Oeste (4,64%), o Norte (4,23%) e a região Sul (3,10%).
O SPC Brasil passou também a divulgar as informações de devedores das regiões abertas pela participação de cada um dos gêneros ? masculino e feminino.
Quando são analisadas as regiões Centro-Oeste, Sul e Norte, os homens são maioria entre os inadimplentes, representando 52,84%, 51,21% e 50,63%, respectivamente. Já as mulheres são maioria no Nordeste, concentrando 52,22% dos devedores.
Dívidas com água e luz se destacam
A abertura das dívidas não pagas por segmento da economia revela que as pendências com contas básicas de Água e Luz registraram o crescimento mais elevado em três das quatro regiões estudadas: alta de 19,49% na região Nordeste, de 15,45% no Norte e de 7,97% no Sul em março deste ano na comparação com o mesmo período de 2015.
"O aperto financeiro tem cada vez mais impacto na capacidade de pagamento até mesmo de contas básicas do dia a dia. Há vários meses as dívidas com os segmentos de serviços básicos para o funcionamento das residências tem crescido de modo substancial", avaliou a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Já na região Centro-Oeste, foi o setor bancário o que registrou a maior variação anual do número de dívidas, com crescimento de 9,36% em março.
Fonte: G1