Mais da metade das famílias brasileiras já tiveram algum impacto no trabalho de seus membros desde o início da pandemia, segundo levantamento da Fundação Getulio Vargas. De 1,3 mil consumidores consultados, 53,5% afirmam que suas famílias sofrerem algum tipo de impacto.
Entre os afetados, 43,9% ficaram impedidos de trabalhar em virtude do isolamento social. Segundo a FGV, os efeitos atingiram mais as famílias de menor renda, que ganham até R$ 2.100: 20,6% delas foram afetadas. Outros 24,9% tiveram redução salarial proporcional à jornada de trabalho, 14,7% informaram que pelo menos um membro da família teve o contrato de trabalho suspenso, e 12,7% citaram que uma pessoa do núcleo familiar amargou a demissão.
Os efeitos do trabalho também se refletem no consumo: de acordo com a pesquisa, 79,5% das famílias estão comprando apenas o essencial. Outros 5% das famílias apontam que estão postergando compras supérfluas e a prazo, enquanto 15% afirmam que não tiveram seus gastos afetados.
?Mais da metade dos consumidores entrevistados tiveram impacto na renda de suas famílias", aponta em nota Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das Sondagens do FGV Ibre. "A elevada incerteza e preocupação com os próximos meses fazem com que haja uma postergação de consumo, que não deve retornar imediatamente mesmo com a flexibilização das medidas de isolamento, pois a renda reduzida do período levará naturalmente a um aumento no nível de inadimplência dos consumidores".
Nesse quesito, as famílias mais pobres também sofrem mais: entre as famílias com renda até R$ 2,1 mil, 86,3% estão comprando apenas o essencial. Na faixa de renda entre R$ 2,1 mil e R$ 4,6 mil, esse percentual é de 83,8%.
E os consumidores não estão confiantes em uma retomada rápida da economia: para 69,9%, a volta à normalidade na economia deve levar mais de 6 meses. Apenas 2,4% veem um retorno já no próximo mês.
O estudo também consultou 2.528 empresas para compreender, dentre outros temas, como estavam se adaptando à nova fase de isolamento social.
Em todos os setores, exceto no comércio, a maioria afirmou ter adotado parcial ou integralmente o teletrabalho (ou home office) como uma das estratégias para enfrentar o período. O home office foi adotado por 80,4% das indústrias, 68,6% das empresas prestadoras de serviços e 59,6% das empresas de construção. No comércio, apenas 26,6% das empresas passaram a se utilizar deste artifício.
Fonte: G1