A economia brasileira voltou a se contrair em julho, indicou o Banco Central nesta segunda-feira (21). O chamado Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), calculado pelo BC e que busca ser uma espécie de "prévia" do PIB, teve pequena queda de 0,02% no mês retrasado.
No mês passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB brasileiro recuou 1,9% no segundo trimestre de 2015, em relação aos três meses anteriores, e, com isso, o país entrou na chamada "recessão técnica" - que ocorre quando a economia registra dois trimestres seguidos de queda. De janeiro a março deste ano, o PIB teve baixa de 0,7% (dado revisado).
Neste ano, somente os meses de fevereiro (+0,75%) e maio (+0,06%) não tiveram contração mensal do nível de atividade, ainda de acordo com os números revisados do Banco Central
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira. Os economistas do mercado financeiro acreditam que o Produto Interno Bruto (PIB) terá retração de 2,70% neste ano, o que, se confirmada, será a maior contração em 25 anos - desde 1990, quando foi registrada uma queda de 4,35%.
Acumulado do ano e em doze meses
Os números do Banco Central mostram que, de janeiro a julho deste ano, o indicador sem ajuste sazonal (pois considera períodos iguais de tempo), mostrou queda de 2,74% na atividade. E, no acumulado em 12 meses até julho, o indicador (dessazonalizado) do Banco Central registrou contração de 1,89%.
Resultados do IBC-Br x PIB
O IBC-Br foi criado para tentar ser um "antecedente" do PIB. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos. Os últimos resultados do IBC-Br, porém, nem sempre têm mostrado proximidade com os dados oficiais do PIB, divulgados pelo IBGE.
Em 2012, por exemplo, o IBC-Br mostrou um crescimento de 1,6%. Posteriormente, o resultado oficial do PIB mostrou uma alta menor, de 1%. Em 2013, o BC acertou. Previu uma alta de 2,5%, que foi depois confirmada com a revisão feita pelo IBGE. Em 2014, o BC estimava uma retração de 0,15% no PIB, mas os dados oficiais mostraram uma alta de 0,1% no ano passado. No segundo trimestre deste ano, o IBC-Br ficou bem próximo do resultado oficial do PIB.
O Banco Central já informou, em 2013, que o IBC-Br não seria uma medida do PIB, mesmo que tenha sido criado para tentar antecipar o resultado, mas apenas "um indicador útil" para o BC e para o setor privado.
Definição dos juros
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros (Selic) do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária. Atualmente, os juros básicos estão em 14,25% ao ano, o maior nível em nove anos.
Pelo sistema de metas de inflação que vigora no Brasil, o BC precisa calibrar os juros para atingir as metas preestabelecidas. Quanto maiores as taxas, menos pessoas e empresas dispostas a consumir, o que tende a fazer com que os preços baixem ou fiquem estáveis.
Para 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Desse modo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país e medida pelo IBGE, pode ficar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.
Neste ano, tanto o mercado financeiro quanto o Banco Central acreditam que inflação oficial ficará acima do teto de 6,5% do sistema de metas. Para os analistas dos bancos, a inflação somará 9,34% em 2015. O Banco Central projeta um IPCA de 9% para este ano e tem dito que trabalha para trazer a inflação para o centro da meta, de 4,5%, em 2016.
Fonte: G1