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   BC prevê estouro da meta da inflação pelo 2º ano seguido

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A inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve ficar entre 6,6% e 6,9% neste ano, segundo estimativa divulgada pelo Banco Central.

Com isso, deverá ficar, pelo segundo ano seguido, acima do teto de 6,5% determinado pelo sistema de metas de inflação do Banco Central. Em 2015, a inflação somou 10,67%, a maior taxa desde 2002.

Para o ano de 2017, a autoridade monetária estimou que a inflação ficará entre 4,9% e 5,4% - ficando, deste modo, abaixo do teto de 6% do sistema de metas fixado para aquele ano, mas não atingindo, ainda, o objetivo central de 4,5%.

No relatório de inflação do primeiro trimestre deste ano, divulgado nesta quinta-feira (31), o BC prevê ainda que o Produto Interno Bruto (PIB) deve "encolher" 3,5% em 2016.

Se confirmado este cenário, será a segunda retração seguida da economia brasileira, que já despencou 3,8% no ano passado - a maior queda em 25 anos. Dois anos seguidos de recuo do PIB não acontecem desde o início da série histórica do IBGE - em 1948.

No relatório de inflação do quarto trimestre do ano passado, divulgado em dezembro de 2015, o Banco Central estimava uma inflação de 6,2% a 6,3% para este ano e uma contração de 1,9% para a economia brasileira em 2016.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos dentro do país, e serve para medir o comportamento da atividade econômica. De acordo com dados oficiais, a economia brasileira já está em recessão técnica.

Previsões do mercado

Apesar da deterioração, as estimativas do Banco Central ainda estão melhores do que as do mercado financeiro. Na semana passada, segundo pesquisa realizada pela própria autoridade monetária com analistas de mais de 100 bancos, a expectativa de inflação para este ano ficou em 7,31%. Para o PIB, a estimativa é de uma contração de 3,66%.

Inflação e taxa de juros

Apesar de ter previsto novo estouro da meta de inflação neste ano, o Banco Central tem dito que buscará "circunscrever" o IPCA aos limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2016 (ou seja, trazer a taxa para um patamar inferior a 6,5%) e, também, fazer a inflação voltar para a meta de 4,5%, em 2017.

O principal instrumento do BC para tentar conter as pressões inflacionárias é a taxa básica de juros da economia brasileira, que serve de referência para o mercado financeiro. Em 14,25% ao ano, a taxa Selic está no maior patamar em quase 10 anos e, também, em um dos níveis mais elevados do planeta em termos reais (após o abatimento da inflação prevista para os próximos doze meses).

Com uma taxa mais alta de juros, o Banco Central tenta controlar o crédito e o consumo, atuando assim para segurar a inflação. Por outro lado, ao tornar o crédito e o investimento mais caros, os juros elevados prejudicam o crescimento da economia.

Neste mês, o BC informou, por meio da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) - que manteve os juros estáveis - que impacto da recessão (hiato do produto mais "desinflacionário") na inflação será maior do que o estimado anteriormente, reduzindo as pressões sobre os preços.

Com isso, adotou um tom mais suave, um indício de que a taxa Selic pode ser reduzida ainda neste ano - conforme aposta de parte dos analistas do mercado financeiro.

Segundo análise do BC, o "ainda elevado" patamar da inflação é reflexo dos processos de ajustes de preços relativos (alta do dólar e de tarifas públicas) ocorridos em 2015, bem como do processo de "recomposição de receitas tributárias" (aumentos de tributos) observado nos níveis federal e estadual, no início deste ano, e que fazem com que a inflação "mostre resistência".

Probabilidade de estouro da meta de inflação

Segundo informou o Banco Central no relatório de inflação divulgado nesta quinta-feira (31), a probabilidade de a inflação ficar acima do teto de 6,5% neste ano é de 55% a 65%. Ou seja, a possibilidade maior é de que a meta de inflação seja mesmo descumprida neste ano.

Quando a inflação fica mais alta do que o teto de 6,5% do sistema de metas brasileiro, os dirigentes do BC não são demitidos. O presidente do Banco Central apenas precisa escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando as razões que motivaram o "estouro" da meta formal - como aconteceu no início deste ano.

Produto Interno Bruto

No relatório de inflação, o BC avaliou que a retração de 3,8% no PIB registrada na economia brasileira em 2015 decorreu, em parte, dos ajustes macroeconômicos em curso, intensificados pelos "desdobramentos de eventos não econômicos, entre o quais as repercussões da Operação Lava Jato sobre alguns setores da economia e, particularmente no quarto trimestre, pelo impacto do acidente ambiental em Minas Gerais que impactou a produção de minério de ferro".

Olhando para frente, o BC informou que "emergem perspectivas de retomada da atividade em setores específicos da indústria, especialmente nos beneficiados por ganhos de competividade decorrentes do ajuste cambial [alta do dólar, que estimula as exportações] observado em 2015". "Adicionalmente, a trajetória de acomodação de alguns indicadores de confiança, tanto de consumidores quanto de empresários, sinaliza ambiente mais favorável para o crescimento da atividade econômica no médio prazo", acrescentou.

Componentes do PIB

Segundo as previsões do Banco Central, a indústria deverá continuar registrando retração neste ano. A estimativa do BC é de um crescimento de 0,2% para a agropecuária neste ano, contra uma expansão de 1,8% no ano passado. Já a indústria deverá ter uma queda de 5,8% em 2016, contra uma contração de 6,2% no ano passado.

Para a indústria de transformação, a previsão da autoridade monetária é de um forte "encolhimento" de 8% em 2016 - após o tombo de 9,7% no ano passado. Já a construção civil deverá registrar, segundo a autoridade monetária, uma retração de 5% neste ano, em comparação com uma queda de 7,6% em 2015.

Ao mesmo tempo, o setor de serviçços deverá registrar contração de 2,4% neste ano, contra um recuo de 2,7% em 2015. O comércio, por sua vez, tem queda estimada pelo BC em 7% em 2016, contra um recuo de 8,9% no ano passado.

Ainda de acordo com o Banco Central, pelo lado da demanda, o consumo das famílias deverá recuar 3,3% em 2016 (contra uma queda de 4% no ano passado) e a chamada "formação bruta de capital fixo" - a taxa de investimentos - deverá ter retração de 13% em 2016, contra um recuo de 14,1% em 2015.

Fonte: G1


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