O governo grego informou nesta segunda-feira que o premier Alexis Tsipras falou pelo telefone com a chanceler alemã Angela Merkel e acertou apresentar nesta terça-feira nova proposta de ajuda ao país. A oferta da Grécia será avaliada na reunião dos ministros das Finanças da zona do euro marcada para amanhã em Bruxelas.

Também nesta segunda-feira, um dia depois do referendo em que os gregos rejeitaram as condições de um pacote de resgate, o ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, renunciou ao cargo, para facilitar a negociação com os credores.

Em um comunicado, Varoufakis disse que estava ciente de que ele não foi bem recebido por alguns membros da zona do euro nas reuniões dos ministros das Finanças e que o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, considerava que sua ausência "poderia ajudar a chegar a um acordo".

O ministro da Economia da Alemanha, Sigmar Gabriel, afirmou que a Grécia tem que apresentar uma nova oferta que vá além de suas propostas anteriores se quiser permanecer na zona do euro, acrescentando que Atenas pode logo enfrentar a insolvência.

- Se a Grécia quer ficar na zona do euro, o governo grego tem que fazer rapidamente uma oferta substancial que vá além de sua disposição até agora ? disse Gabriel em coletiva de imprensa.

Mais cedo, o porta-voz da chanceler havia afirmado, após a vitória do ?não? às condições impostas pelos credores no referendo deste domingo, que ainda não há condições para um novo programa de socorro ao país.

- O governo federal mantém abertas as portas ao diálogo, mas, depois da decisão de ontem (domingo) dos cidadãos gregos, não há condições para um novo programa de ajuda ? afirmou Steffen Seibert, em uma entrevista coletiva em Berlim.

A demissão do ministro de Finanças, Yanis Varoufakis, parece não ter comovido Merkel.

- O que importa sempre são as posições, e não as pessoas ? declarou Seibert, acrescentando que ?acreditava? que essa demissão ?não havia? suscitado na chanceler uma opinião em particular.

Além disso, o Ministério das Finanças da Alemanha afirmou que a redução da dívida grega não está na agenda do país. O porta-voz do ministério Martin Jaeger disse nesta segunda-feira que a posição do país é donhecida e que um corte na dívida não é uma questão.

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, também se manifestou. De acordo com ela, o Fundo está "pronto para ajudar".

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, realizou uma teleconferência nesta segunda-feira de preparação para a cúpula da zona do euro sobre a Grécia na terça-feira, disse ele no Twitter.

Tusk convocou a teleconferência com o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi; com o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem; com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker; e com o chefe do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (ESM, na sigla em inglês), Klaus Regling.

No próximo dia 20, vence uma parcela de ? 3,5 bilhões com o Banco Central Europeu. Essa dívida, segundo o membro do Conselho de Governo do BCE Christian Noyer, não pode ser reestruturada, uma vez que representaria o financiamento do BCE ao governo, o que é explicitamente proibido pelas regras da União Europeia.

- A dívida grega com o sistema do euro é uma dívida que não pode, por sua própria natureza, ser reestruturada, porque isso seria financiamento monetário a um Estado ? disse Noyer, que também é presidente do banco central da França, a jornalistas.

O premier Alexis Tsipras informou que falou pelo telefone com o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, mas não deu detalhes sobre a conversa.